PSDB pode abocanhar comando do Dnocs na Bahia em movimento que favorece conversas com PT


O PSDB pode garantir a influência política sobre a coordenação estadual do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), um dos cargos federais mais cobiçados na Bahia. O deputado federal Adolfo Viana, presidente da legenda no Estado, estaria articulando para manter na função Jackson Carvalho, que está no posto desde o final de 2021, ainda no governo Jair Bolsonaro (PL).

O movimento tucano abriu uma disputa pelo Dnocs no Estado, uma vez que o senador Ângelo Coronel (PSD) também pleiteia o espaço. Além de Adolfo Viana, o atual coordenador teria ainda o apoio do deputado federal Paulo Azi, cujo partido, o União Brasil, vem abocanhando espaços nacionais e regionais importantes no governo Lula – na Bahia, é o caso dos Correios e de ao menos uma das superintendências da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), a de Juazeiro).

Jackson Carvalho assumiu como interventor o comando do Dnocs na Bahia após o afastamento, em setembro de 2021, do advogado Lucas Lobão, que era ligado a Adolfo Viana. Na época, a Controladoria Geral da União (CGU) identificou um sobrepreço estimado de até R$ 192.309.097,16 na aquisição de 470 mil reservatórios de água de polietileno realizada pela coordenadoria, num pregão realizado em 2020.

Outra articulação nacional que aproxima PSDB e PT é a possibilidade da formação de uma federação entre os tucanos e o MDB, da qual, conforme apurou o Política Livre, Adolfo Viana tem se colocado a favor. Os emedebistas são aliados tanto de Lula quanto do governador Jerônimo Rodrigues (PT).

Essas articulações nacionais envolvendo o PSDB e o governo Lula podem ter impacto na Bahia. Jerônimo tem investido pesado para tirar os tucanos da base do prefeito Bruno Reis (União), de olho na disputa eleitoral de 2024. A “ponte” tem sido o presidente da Câmara Municipal, vereador Carlos Muniz, que ingressou recentemente no tucanato.

Apesar de o PSDB reivindicar a retomada da Secretaria de Educação de Salvador, que perdeu na reforma administrativa feita por Bruno Reis em janeiro deste ano, o site confirmou com fontes tucanas que Adolfo Viana não estava satisfeito mesmo quando a sigla comandava a pasta. Isso porque os tucanos não tinham liberdade para fazer as nomeações dentro internamente, pois a distribuição de espaços era centralizada no Executivo. O prefeito tem sinalizado que não fará mudanças neste momento no primeiro escalão, o que desagrada os tucanos, incluindo Carlos Muniz.

Mesmo com esse cenário, há membros do PSDB que rejeitam uma eventual aliança com o PT em Salvador, mesmo que haja o ingresso na base de Jerônimo. Dos quatro vereadores tucanos na capital, incluindo Carlos Muniz, três (Téo Senna, Cris Correia e Daniel Alves) teriam dificuldades políticas em apoiar outro candidato que não Bruno Reis.

Política Livre

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